conversas & fusões entre
a vivência poética, o teatro, a dança, a música,
[ 2024-2025 ]
fotos: Mozart Maia & João Torres
estas performances propõem uma viagem cenica imersiva pelo universo da minha poesia através da sua fusão com outras linguagens, como o teatro, a cinética, a dança, a música, o cinema, a fotografia, as artes visuais, a marioneta... outros espaços de poesia, con-versando no corpo — humano e cenográfico. são um ato poético em escuta e em movimento, a amplificar a lisura das páginas, e tendo no improviso uma presença condutora, um motor criativo e uma vitalidade exclusiva:
"mais vivo do que ao vivo, só algo que vive uma única vez",
disse Nilton Bonder, sobre as performances.
cada sessão performática acontece não como um "espetáculo", algo a ser assistido, mas como uma vivência artística-humanista catalisadora, na qual mergulhar, cada um a partir da sua solidão, no encontro significativo eu-tu — ali onde o humano deixa de terminar em si mesmo e se salva da morte, não a física mas a que se espalha pela vida.
a poesia acesa em cena,
como uma fogueira em volta da qual nos unimos para pensar-sentir a existência, e perante a qual nos podemos flagrar, de repente — no susto —, mais vivos.
as sessões podem apresentar-se num formato solo — eu e o meu corpo fundindo as várias linguagens — ou jam session — uma fusão improvisada com outro artista e sua arte.
abaixo, seguem histórias, fotografias e videos destas performances, por ordem cronológica inversa.
contato para contratação:
caliboreaz@gmail.com
~ a palavra menos a língua ~
[2024]
[imagens do embrião solo da performance,
na Mostra de Artes da Palavra, no Templo da Poesia,
em Oeiras, Portugal, setembro de 2024]
em 2024, surge a palavra menos a língua, juntando poesia dos livros a tela finalmente escura e tesserato e também inédita. surge cruzando, por um lado, a minha investigação cenica da fusão entre linguagens, e, por outro lado, uma investigação poético-filosófica sobre o humano na civilização contemporânea e suas ficções sociais, culturais, históricas, economicas, ideológicas, psicológicas e linguísticas.
a sua essência conceitual é que aconteça como um ser vivo, podendo ganhar ou perder cenas-poemas pelo seu próprio caminho e na intersecção com outros caminhos de outros artistas e suas artes.
a cada sessão, desafio um artista diferente para fundir sua arte com a minha performance, de forma não ensaiada. cada sessão é, assim, um acontecimento único e irrepetível, numa evocação ao clima improvisado e exclusivo das jam sessions.
em cena, opero uma travessia-desconstrução pelas camadas do humano, desde o entre à vida, passando pelas possíveis mortes, ao eu-outro, ao amor, à solidão-comunhão, ao exílio das ficções civilizacionais e ao encontro de um estado fundante. a espiral dramatúrgica é desenhada no sentido de expandir limites: primeiro para fora — o corpo-ser ocupando cada vez mais conscientemente o corpo-ficção da cidade — e depois para dentro — a cidade sendo reconfigurada no incorporar de uma pulsão de vida mais significativa.
o que é real? como desconstruir a identificação excessiva com as construções do ego e da civilização se isso desafia os limites da visibilidade? como pode o humano deixar de terminar em si mesmo e, principalmente, na ideia de si coletiva e longamente construída? qual é a salvação possível das pequenas mortes que se espalham pela vida? e se a aceitação do cansaço puder ser o estado mais belo — ou mesmo mais alegre — de todos?
numa viagem — ou vertigem — a flertar com as fronteiras de tudo, a performance chama, não para uma evasão da realidade, antes para um adentramento radical nela, com o propósito de estarmos melhor nela — menos frustrados diante das finitudes e dos vazios, menos fragmentados, menos "civilizados", mais espantados, logo mais vivos, a partir de uma nova pulsação.
o desafio: ainda que sentados no mesmo lugar, ao final ninguém mais se encontrar no mesmo lugar.
SINOPSE
Em a palavra menos a língua, o que parece que vai acabar acaba de começar. De repente, um novo lugar, entre o dentro e o fora de uma janela simbólica, onde se invoca, como re-pouso e pujança, o olhar inaugural da poesia. Mas a jornada clama à estrada e à beleza da unicidade da experiência: é bonita esta madrugada em que nenhuma outra é possível. A travessia das camadas de entrada no corpo-vida, no ser-se — infância, adultez, exílio, loucura — rumo ao des-ser-se. Que caminhos temos para uma libertação do finito que se espalha pela vida? O encontrão no outro — no amor e na ilusão —, leva à tomada de consciência de uma nova beleza: a das criações, mas, também, e principalmente, dos abandonos. A partir daqui, a realidade começa a ficar elástica e descemos as escadas dos conceitos de presença e ausência, estância e distância, conexão e alienação, para atravessar um território de referências em ruínas antes da esquina do tempo-espaço. Mergulhamos, então, vertiginosamente, na solidão-comunhão de todas as coisas — do ínfimo ao planeta que gira sobre si mesmo —, e, enfim, do encontrão derivamos para o encontro, um lugar de reconhecimento da beleza como fusão de tudo o que é. Daí retornamos o olhar para o mundo e vemo-nos a nós mesmos: imersos em descrições, medições, representações. Um susto: o convite ao esvaziamento das ficções. Chegamos, no limite, à própria desconstrução da ficção-língua e à instauração numa origem intraduzível. Com referências à obra de Shakespeare e Goethe e recursos de metalinguagem, e já arquitetos da própria experiência, entendemos tudo o que está visível como colapso no sentido quântico e avançamos para a reinvenção da existência. Por fim, em culminância de intimidade humanista e aceitação da beleza do cansaço mais humano, entre reflexões de quem está perto de carregar no botão de alguma explosão, desconstruo a própria viagem percorrida — como um ato final de entrega e abertura à criação do outro da sua própria palavra menos a língua, ou do seu olhar poético, ou do seu pulsar.
ZINE
a performance tem o seu zine homonimo. contém a poesia encenada na performance, alguns fotopoemas e uma cartografia das cenas-poemas — espécie de mapa para o caminho filosófico que se abre. é um investimento e uma parceria da editora portuguesa Musa Impassível. a capa é minha, com fotografia minha também, feita na Casa Azul, em Coyoacán, México.
penso neste objeto literário como um "entre-livros" — e, nisso, o seu existir configurando-se como um ato poético em si mesmo, na medida em que a poesia, e toda a arte, é, possivelmente, a ocupação de um entre-as-coisas, ou de um entre-eventos. este zine é um lugar de passagem, um tempo de encontro — entre o livro e a performance, entre o édito e inédito, entre o conteúdo e o vazio.
o zine a palavra menos a língua [Musa Impassível, Portugal, 2024] está disponível a partir do Bilhete "Experiência Antológica" no site de venda dos bilhetes para a performance. ou também pode ser encomendado pelo email: caliboreaz@gmail.com
[ 2024-2025 ]
~ tesserato jam ~
[2022-24]
[teaser da apresentação no Teatro Municipal Café Pequeno,
Rio de Janeiro, 2024 / realização Midrash Centro Cultural]
em 2022, acontece o encontro com a bailarina Juliana Nunes Uchôa e estreamos o espetáculo tesserato jam, baseado inteiramente no meu segundo livro tesserato, e desta vez fundindo a poesia não só com a música, como fora com o primeiro livro, mas também com a dança. um exercício cenico vivo de presença, escuta, conexão e reflexão filosófica, flertando com o improviso e o caminhar através dos princípios do taoísmo, i ching, yoga e tarot. tal como a figura geométrica do título, esta jam session explora as amplificações e os espantos de uma quarta dimensão, em constante construção-desconstrução de linhas e vértices no tempo-espaço.
fazemos apresentações no Rio de Janeiro e em Paraty (FLIP) com o músico Fábio Nin em 2022 e 2023 e com a pianista-sanfoneira-percussionista Verónica Fernandes em 2024.
[recortes de cenas da apresentação no Teatro Municipal Café Pequeno,
Rio de Janeiro, 2024 / realização Midrash Centro Cultural]
[3 cenas-poemas da apresentação no Teatro Municipal Café Pequeno,
Rio de Janeiro, 2024 / realização Midrash Centro Cultural]
[um perfume da apresentação na FLIP 2023 / realização SESC]*
* a música Libertango não faz parte do espetáculo e foi colocada apenas para efeitos de divulgação.
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~ portuguesia live session ~
[2020]
a jam session live aconteceu no dia 31 de maio de 2020, na sala virtual do Midrash Centro Cultural [canal youtube], ao vivo. uma viagem exclusiva em meio ao isolamento da quarenena mundial, a vivência poética — de momentos dos livros tesserato e outono azul a sul — de mãos dadas ao músico Fábio Nin.
ser já dentro do universo do tesserato, o segundo livro — sendo ele uma reunião de tentativas poéticas sobre a suspensão e o deslocamento na imobilidade, em contraste com o universo andarilho do outono azul a sul — teve especial ressonância com o momento mundial que se vivia.
~ outono azul a sul, jam ~
[2019]
2019 marcou o início das performances a partir dos livros. então, eu tinha o outono azul a sul e a cada sessão convidei um músico diferente a aventurar-se comigo sem ensaios prévios, no completo improviso. o encontro ao vivo entre poesia e música era sempre clandestino: inédito, arriscado, irrepetível. presença urgente & fusão: uma jam session em que um dos instrumentos é musical e o outro vivencial-poético.
assim, nesse ano, encenei — primeiro como solo, em Belo Horizonte, e depois como jam session, no Rio de Janeiro — o universo multi-atlântico do outono azul a sul, tendo por fio condutor o exílio, ou o lugar de erro — geográfico ou taquicárdico.
as jam poetry sessions estrearam no Midrash Centro Cultural, no Rio de Janeiro, em setembro de 2019, em parceria com músicos convidados — um diferente a cada sessão.
~ outono azul a sul, solo ~
[2019]
o solo poético estreou no Sesc Palladium, em Belo Horizonte, a 15 de maio de 2019 — um convite no âmbito do Eixo de Culturas Populares & Mês da Língua Portuguesa. e evoluiu para uma temporada de jam poetry sessions no Midrash Centro Cultural, no Rio de Janeiro, em setembro de 2019, em parceria com músicos convidados.
fotos em Belo Horizonte: Henrique Chendes \ Sesc MG
[ 2024-2025 ]